ROMA - Prelado e mais 2 homens são presos em investigação sobre Banco do Vaticano

Nunzio Scarano em Salerno, na Itália, em data não
identificada Foto: Francesco Pecoraro / AP
 Um monsenhor suspeito de tentar ajudar amigos ricos a levar milhões de euros para a Itália ilegalmente foi preso nesta sexta-feira, como parte de uma investigação no Banco do Vaticano. O monsenhor Nunzio Scarano, conhecido como Monsenhor 500 pelas notas altas na carteira, trabalhava como contador da administração financeira do Vaticano e já estava envolvido em outra investigação realizada por juízes do Sul da Itália. A detenção acontece dois dias depois de o Papa Francisco ter nomeado uma comissão especial de inquérito para investigar as atividades da instituição, que é formalmente conhecida como o Instituto para Obras de Religião (IOR), e tem sido atingida por vários escândalos nas últimas décadas.

Scarano, de 61 anos, foi preso em uma paróquia da periferia de Roma e levado para uma delegacia da capital italiana, informou o advogado Silverio Sica. Também foram detidos na investigação Giovanni Zitto, um membro do serviço secreto da Itália, e Giovanni Carenzio, um corretor financeiro.

Scarano é acusado de envolvimento na tentativa de contrabandear € 20 milhões de euros (US$ 26 milhões) da Suíça para a Itália em um avião particular, em conluio com o agente do serviço secreto e o intermediário financeiro. O religioso teria dado € 400 mil ao agente secreto para lhe ajudar a levar o dinheiro ao país. O advogado, no entanto, afirma que a soma nunca deixou a Suíça. Não ficou claro qual o papel que o banco tinha no esquema.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse em comunicado que autoridades da Santa Sé estavam prontas para cooperar com a investigação, mas que até então não haviam recebido nenhum pedido oficial.

Segundo Sica, amigos ricos teriam doado dinheiro a Scarano para que ele pudesse construir uma casa para doentes terminais. Segundo o advogado, seu cliente queria usar esse dinheiro para pagar sua hipoteca para que ele pudesse vender um imóvel em Salerno e usar os recursos para construir o espaço.

Scarano foi afastado recentemente devido a uma outra investigação, liderada pela promotoria de Salerno. Ele é acusado de lavagem de dinheiro, numa forma de ocultar € 560 mil, atribuindo a soma a doações. Para isso teriam sido usadas contas do Banco do Vaticano.

Monsenhor 500

De acordo com o jornal “La Repubblica”, Scarano era conhecido como monsenhor 500, devido à grande disponibilidade de notas de € 500 em sua carteira. Muitas vezes, ele propunha a amigos trocarem blocos de dez, vinte notas de € 500 por cheques de € 5 mil, € 10 mil, que eram depositados no IOR, conta o jornal.

Há tempos vivia em Roma, na Domus Internationalis Paulus VI, entre o Rio Tibre e a Piazza Navona. Antes de fazer seus votos, 26 anos atrás, trabalhava em um banco. Mas atualmente estava no setor imobiliário do Vaticano, com a contabilidade da Apsa (Administração do Patrimônio da Sé Apostólica), não menos importante que o Banco do Vaticano, que administra milhares de imóveis valorizados na capital italiana e lida com milhões de euros em dinheiro vivo.

Padre de Salerno, o título de monsenhor veio do reconhecimento por sua ascensão na hierarquia da Santa Sé. agora, ele pode ser tornar mais um embaraço nos escândalos financeiros que envolvem o Vaticano.

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