Vilamar Pereira
O gari Adriano Marcolino, 28 anos, pode dizer que nasceu novamente. O rapaz teve o coração atingido por um projétil calibre 22, mas está vivo e, se tudo correr bem, deverá receber alta na próxima semana. O cirurgião cardíaco Jean Pierre Nogueira, responsável pela cirurgia que praticamente reconstruiu o coração do paciente diz não tem conhecimento de um fato assim. "Geralmente, tiro no peito acertando o coração em cheio, o paciente morre na hora", explica.
O fato aconteceu na última terça-feira, por volta das 20h, no Parque Jaraguá em Bauru (distante 343 km de São Paulo). De férias do serviço de gari na cidade, Marcolino conta que tomava uma cerveja com os amigos numa esquina perto de sua casa quando um vizinho chegou ao local com o revólver. "Eu nem cheguei a ver a arma, só senti uma queimação no peito vi o sangue na camiseta. Consegui andar ainda mais uns 30 metros atrás de socorro, mas cai e tudo apagou", diz. De acordo com a irmã do rapaz, Julia Cristina Marcolino, 31 anos, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado, mas demorou a chegar, e a população no local pressionou os policiais para que prestassem eles mesmos o socorro. "Eles colocaram meu irmão na viatura e deixaram no Pronto Socorro Central (PSC). Ali ele ficou mais de uma hora esperando atendimento", afirma. Como não tinha muito que se fazer por ali, Marcolino foi levado direto para o centro cirúrgico do Hospital de Base. "Foi sorte, ação divina sabe-se lá, um cirurgião cardíaco estar de plantão naquele dia no hospital", conta o médico.
"O caso dele é um daqueles milagres da medicina, a sobrevivência nesses casos é improvável, a parte de trás do coração estava toda danificada parecendo uma gelatina", explica. Foi feita às pressas uma esternotomia, um tipo de cirurgia onde o peito é aberto utilizando uma serra que corta os ossos. "É estranho, mas é como se estivesse operando alguém morto, não sei precisar o tempo total da cirurgia", relata Nogueira.
O cirurgião conta que ao abrir o peito do paciente percebeu que a bala havia transpassado o coração, mas que a situação mais complicada estava na parte posterior do órgão, que estava com os músculos estourados e parte do coração queimado pela pólvora.
"O disparo atingiu três importantes estruturas do coração, ela entrou pelo ventrículo direito, saiu pelo átrio direito e atingiu ainda a veia cava inferior que leva o sangue do corpo para o órgão", explica. O projétil não foi retirado e encontra-se alojado no tórax do paciente.
"O procedimento feito foi o que chamamos na medicina de ráfia (costura) total da parte posterior do coração", conta o cirurgião. Para o médico foi realmente um milagre. Nos seus 12 anos de medicina, ele conta nunca ter enfrentado uma situação assim.
"A gente vê muita coisa complicada, mas nesse caso em específico o rapaz chegou com hemorragia interna e sem os todos os sinais vitais, geralmente um tiro certeiro no coração resulta em morte instantânea", afirma. Na manhã deste domingo, Marcolino, acompanhado pela irmã, já estava sentado no quarto.
"Já tomei banho sozinho, e só dói se eu tossir", garante. Ele conta que a cada dia que passa "a ficha" vai caindo e vai tomando ciência de que nasceu novamente e agradece a Deus. Apesar da recuperação incrível do rapaz, o médico explica que o quadro dele ainda é considerado grave e de risco.
"Ele está sendo medicado com potentes antibióticos para evitar uma infecção no órgão, já que a pólvora poderia infeccionar o ferimento. Outro risco é do rompimento da estrutura do órgão que causaria morte instantânea. O coração dele hoje está gelatinoso e a recuperação não é da noite para o dia", alerta. Marcolino ainda passará por novos exames. "Precisamos verificar se não vai ficar nenhum dano, é muito cedo ainda para afirmar qualquer coisa", completa.
O gari Adriano Marcolino, 28 anos, pode dizer que nasceu novamente. O rapaz teve o coração atingido por um projétil calibre 22, mas está vivo e, se tudo correr bem, deverá receber alta na próxima semana. O cirurgião cardíaco Jean Pierre Nogueira, responsável pela cirurgia que praticamente reconstruiu o coração do paciente diz não tem conhecimento de um fato assim. "Geralmente, tiro no peito acertando o coração em cheio, o paciente morre na hora", explica.
O fato aconteceu na última terça-feira, por volta das 20h, no Parque Jaraguá em Bauru (distante 343 km de São Paulo). De férias do serviço de gari na cidade, Marcolino conta que tomava uma cerveja com os amigos numa esquina perto de sua casa quando um vizinho chegou ao local com o revólver. "Eu nem cheguei a ver a arma, só senti uma queimação no peito vi o sangue na camiseta. Consegui andar ainda mais uns 30 metros atrás de socorro, mas cai e tudo apagou", diz. De acordo com a irmã do rapaz, Julia Cristina Marcolino, 31 anos, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado, mas demorou a chegar, e a população no local pressionou os policiais para que prestassem eles mesmos o socorro. "Eles colocaram meu irmão na viatura e deixaram no Pronto Socorro Central (PSC). Ali ele ficou mais de uma hora esperando atendimento", afirma. Como não tinha muito que se fazer por ali, Marcolino foi levado direto para o centro cirúrgico do Hospital de Base. "Foi sorte, ação divina sabe-se lá, um cirurgião cardíaco estar de plantão naquele dia no hospital", conta o médico.
"O caso dele é um daqueles milagres da medicina, a sobrevivência nesses casos é improvável, a parte de trás do coração estava toda danificada parecendo uma gelatina", explica. Foi feita às pressas uma esternotomia, um tipo de cirurgia onde o peito é aberto utilizando uma serra que corta os ossos. "É estranho, mas é como se estivesse operando alguém morto, não sei precisar o tempo total da cirurgia", relata Nogueira.
O cirurgião conta que ao abrir o peito do paciente percebeu que a bala havia transpassado o coração, mas que a situação mais complicada estava na parte posterior do órgão, que estava com os músculos estourados e parte do coração queimado pela pólvora.
"O disparo atingiu três importantes estruturas do coração, ela entrou pelo ventrículo direito, saiu pelo átrio direito e atingiu ainda a veia cava inferior que leva o sangue do corpo para o órgão", explica. O projétil não foi retirado e encontra-se alojado no tórax do paciente.
"O procedimento feito foi o que chamamos na medicina de ráfia (costura) total da parte posterior do coração", conta o cirurgião. Para o médico foi realmente um milagre. Nos seus 12 anos de medicina, ele conta nunca ter enfrentado uma situação assim.
"A gente vê muita coisa complicada, mas nesse caso em específico o rapaz chegou com hemorragia interna e sem os todos os sinais vitais, geralmente um tiro certeiro no coração resulta em morte instantânea", afirma. Na manhã deste domingo, Marcolino, acompanhado pela irmã, já estava sentado no quarto.
"Já tomei banho sozinho, e só dói se eu tossir", garante. Ele conta que a cada dia que passa "a ficha" vai caindo e vai tomando ciência de que nasceu novamente e agradece a Deus. Apesar da recuperação incrível do rapaz, o médico explica que o quadro dele ainda é considerado grave e de risco.
"Ele está sendo medicado com potentes antibióticos para evitar uma infecção no órgão, já que a pólvora poderia infeccionar o ferimento. Outro risco é do rompimento da estrutura do órgão que causaria morte instantânea. O coração dele hoje está gelatinoso e a recuperação não é da noite para o dia", alerta. Marcolino ainda passará por novos exames. "Precisamos verificar se não vai ficar nenhum dano, é muito cedo ainda para afirmar qualquer coisa", completa.